segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Entrevista com Júlio Ferraz (PE)


Júlio Ferraz / Divulgação.

Por Magdiel Araújo

Vamos começar com a pergunta mais difícil. Ao leitor que ainda não te conhece, como você se definiria? 
Como música, livre. É o que mais se aproxima de uma definição para o que faço.Vivo em mutações e eu não sigo uma única direção, trabalho com diversas linguagens. Para mim a música não tem um teto, logo cada disco provavelmente sempre será uma novidade até mesmo para quem já conheça meus álbuns anteriores; isso é algo que pretendo viver até o meu último suspiro.

Nesse sentido, como rolou o início do seu trabalho? 
Apesar de ser guitarrista, sou de família de violonistas e a cidade onde nasci e me criei é bastante musical; logo, aos treze anos eu já tinha banda. A impressão que tenho é que sempre estive na música pois isso foi algo que sempre levei muito a sério, e por essa razão desde bem jovem sempre busquei como objetivo viver das minhas criações. 

Como vem sendo a recepção do público? 
Desde que iniciei minha carreira solo não acho que fiz shows suficientes para responder com propriedade essa pergunta. Mas os álbuns tem tido uma recepção muito boa.

Como é seu processo de criação? 
Se tratando de canção, no maior número de vezes apenas acontece, é algo natural e quase diário. Para os temas instrumentais de certo modo também é algo que acontece; vem em minha cabeça e com o tempo eu vou organizando no papel, depois trabalho nota por nota e instrumento por instrumento, sempre respeitando as intenções que tenho para com o resultado geral. É tudo muito pensado, seja quando escrevo um álbum ou mesmo faixas soltas, e diante disso vou desenvolvendo a música com bastante cuidado e paciência até chegar ao que busco; sozinho ou acompanhado por parceiros musicais como Marcelo Rangel, Nana Milet, Henrique Flora, Yargo Feghali e muitos outros nomes que sempre estão próximos de mim nesses trabalhos.


Você se aventura em outros projetos? 
Eu trabalho com muita gente, sempre estou tocando, vivendo trocas muscais, produzindo, gravando, buscando novos sons. Mas nesse momento o meu foco principal é minha carreira solo e o Novanguarda. Claro que com todo esse tempo fazendo música muito material foi desenvolvido, afinal toquei com bastante gente, músicos ótimos de diversos estilos, e sim tive alguns projetos, mas em sentido de banda mesmo, álbum ou fonograma não há muita coisa lançada (ainda). Passei mais da metade da minha vida no sertão pernambucano, as dificuldades para gravar e fazer shows sempre foram bem maiores do que em outros lugares onde estive. Mas com o olhar no agora, existe material pronto para acontecer e também vários convites, infelizmente ainda não posso falar sobre o assunto.

Pra você, qual seria a função da arte e o seu papel nisso?  
Educar, comunicar, provocar ... Existir. Meu papel? Produzir, criar...

Quais são suas referências? 
Os dias. Para cada novo momento algo acontece, e estou sempre atento. 

O que você recomenda para as pessoas ouvirem? 
Tudo que se refere a "som", não apenas canções, temas. Eu costumo ouvir tudo, até o que eu não gosto; acho importante ter certeza sobre minhas opiniões, e a prática passa a ser uma ferramenta boa para isso. 

O que fazer na horas vagas? 
Faz pelo menos dois meses que não encontro essas "horas vagas". Estou no sertão de Pernambuco em uma missão um pouco diferente, relacionadas a família e saúde, então tenho dividido essas tarefas com as finalizações do meu novo álbum. O que me sobram como "horas vagas" tem sido utilizado para dormir, no máximo visitar algum amigo ou amiga, e receber algumas visitas.

Alguma dica para quem está começando ou pretende começar alguma coisa?  Na música? 
Comece se realmente acreditar no que faz, se tiver a certeza quanto ao que quer. Saiba falar e também ouvir, seja fiel ao que busca; com pé no chão e atento a cada estrada. Mergulhe.


Planos para o futuro? 
Sempre. Esse ano eu lanço o meu segundo álbum solo, "O Manifesto Das Cores". Isso é apenas um recorte de muita coisa que está programada para acontecer em 2018, estou trabalhando bastante para que vocês possam ter acesso a todas essas novidades o mais rápido.

E por último (mas não menos importante), qual o lanche mais legal que você já comeu? O pão da padaria de Zé de Isabel em Floresta acompanhado por um café coado sem açúcar. Nenhum outro lanche superou ainda essa obra de arte quente saindo do forno a lenha.

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