segunda-feira, 8 de maio de 2017

Entrevista com CALLS (EUA)

Foto: Andrew Zajic

Por Zeca Viana

Como um projeto Lo-Fi que é, esse blog (e achamos legal que continue sendo um blog) e essas entrevistas são feitas quando temos vontade, tempo, então, não existe uma regularidade muito grande. Nessas andanças pelos caminhos da música independente, participei como baixista de uma turnê pelos EUA e Canadá da banda paulistana Labirinto (que pode ser vista nesse documentário aqui). Nessa viagem tive a oportunidade de dividir o palco com My Gold Mask (banda que já entrevistamos aqui) e algumas vezes com a banda que o blog apresenta esse mês: CALLS. Além de me tornar amigo dos caras, sempre admirei a forma deles trabalharem e a seriedade em tirar o melhor que uma apresentação ao vivo pode proporcionar. Grandes músicos, esses caras conseguem fazer uma apresentação ao vivo se tornar uma experiência estética única. Recentemente lançaram o primeiro álbum "Refloating" (que não sai da minha playlist desde então) e gostaria de dividir essa linda viagem sonora com vocês. Essa é a primeira vez que a banda é divulgada no Brasil. Troquei uma ideia com o camarada Josh McKinley, e com exclusividade trazemos o CALLS aqui pelo nosso querido Recife Lo-fi. Deixem rolando o álbum "Refloating" e soltem os cintos. 




Como se deu o início musical na vida de vocês? 
Nós três tocamos instrumentos desde os primeiros anos de escola, e de fato concordamos quando dizemos que o aspecto da apresentação ao vivo que a música proporciona foi o que nos motivou a continuar escrevendo e gravando. Michael e eu tocávamos saxofone e barítono quando tínhamos 10 anos de idade ou mais. Joe tocou trompete, mas, depois passou para a bateria por um tempo. Agora todos nós tocamos alguns "instrumentos de rock" cada um, mas, atualmente eu toco guitarra e componho, Michael toca bateria e Joe toca baixo.

De onde partiu a ideia inicial de criar o CALLS? Vocês tiveram projetos musicais anteriores?  
CALLS foi inicialmente um projeto solo meu com um nome diferente. Quando a banda não era mais um projeto solo, nosso baixista na época sugeriu que mudássemos nosso nome porque ele não gostava do nome original do projeto solo. Não me importou muito e CALLS era o nome de uma canção que eu tinha escrito. Já era um título que gostava. Porém, a formação original da banda não durou e agora temos uma nova formação composta de amigos de longa data com uma paixão pela apresentação ao vivo.

Detalhe da arte das camisetas da banda.


Essa produção mais Lo-Fi teve algum papel no processo de composição do CALLS?
Sete das músicas em nosso álbum de estreia “Refloating” realmente têm origens em gravações caseiras. Na época, estávamos com fome de compor o máximo possível e tínhamos uma espécie de dispositivo de gravação “tudo-em-um” que usávamos nos ensaios. Disponibilizamos uma demo que tinha 7 dessas canções, bem como outras que foram descartadas ao longo do caminho. Em seguida, escrevemos mais duas músicas e isso nos trouxe até aqui.

Como é o processo de produção musical?
Muitas vezes eu venho com um tipo básico de tema ou conceito que eu quero estabelecer e, em seguida, tentamos elaborar sobre isso. Estou muito consciente de quão rapidamente uma música baseada em loops pode se tornar repetitiva, então tentamos ser mais progressivos, variando partes de bateria e baixo para mudar a sensação geral de certos loops. Outras vezes, eu só tenho esses conceitos musicais na cabeça e tento fazer o melhor para traduzir isso em música tocando em tempo real. Há um foco enorme nas apresentações ao vivo, então, não escrevemos nada que não dê para reproduzir nos shows. 



Como foi o processo de gravação do "Refloating"?
Entramos nessa como completos amadores e apenas reservamos 12 horas de estúdio, a gente pensou que poderia correr e fazer tudo super rápido, mas, aprendemos que esse  processo iria levar um pouco mais do que o esperado. Tivemos um adicional de dois dias, no total foram 50 horas. Uma semana muito longa. A gente gravou no Mystery Ton Studios em Maryland com Kenny Eaton da banda Time Columns. Eles são uma grande influência para nós, então, trabalhar com alguém como Kenny foi uma oportunidade que valeu à pena o esforço da viagem. 

Acham o processo de gravação nos EUA acessível em relação à outros lugares?
Eu não conheço muito bem as diferenças entre a situação nos EUA em relação ao Brasil, mas certamente não há escassez de opções de gravação aqui, claro, se você tem o dinheiro para pagar pelo trabalho. Realmente depende da qualidade que você quer. Nós começamos com mais gravações caseiras, mas como nós pensamos em produzir algo mais profissional, para divulgar para fora e se espalhar para o mundo, queríamos algo um pouco mais limpo e profissional.

 
Arte: Craig Fisher
A arte do álbum ficou incrível, como foi feita?
A capa do álbum é uma impressão entalhada feita por Craig Fisher. A peça é nomeada "Parting of the Red C". Ele é o pai de um amigo nosso e o processo de criar um trabalho como esse é realmente incrível. Tivemos a sorte de sermos capazes de usar a peça para representar o nosso primeiro álbum.

CALLS ao vivo é muito orgânico, como vocês fazem a produção das apresentações? A gente tenta manter tudo muito simples. Aqui temos um ditado "o que você vê é o que você têm", que basicamente significa que não colocamos truques extras ou qualquer coisa em nossas divulgações ou gravações que sejam diferentes do que podemos produzir ao vivo. Nós gravamos as músicas com base no que somos capazes de realizar e, em seguida, nos shows ao vivo, tudo o que precisamos fazer é loops numa boa cadência e o resto rola naturalmente.


Show do CALLS e Labirinto na Filadélfia, EUA.


Pensam em lançar o "Refloating" fisicamente? 
Estamos pensando em fazer CD's e vinis, mas não temos um prazo definitivo para eles no momento. Nós estamos fazendo camisas muito em breve. Nós colocamos muitos de nossos esforços em produzir o álbum, assim, estamos correndo atrás das outras coisas agora.


On the way.
Vocês sacam de música brasileira?
Infelizmente não, a única música brasileira que realmente conheço é o seu trabalho solo e o trabalho da banda Labirinto. Todos nós nos conhecemos há anos, quando a Labirinto veio aos EUA e eu ainda tenho o CD que você me deu quando a gente tocou juntos na Filadélfia e vocês seguiram em turnê.

Seria massa um show do CALLS em Recife. Vocês pretendem tocar em outros países? 
 "Pretendem" é uma palavra engraçada para isso, acho que é mais como sonho! Gostaríamos de tocar em qualquer canto do mundo que ficasse feliz em ter a gente lá. Concretizar isso seria uma paixão e um privilégio, realmente o único problema é o dinheiro. Ainda somos uma banda relativamente jovem e, tanto quanto de pegar a estrada, precisamos ter certeza de que nossos planos são inteligentes e que estamos prontos para dar os próximos passos que precisamos

É isso Josh, obrigado meu velho e sucesso no "Refloating"!
Valeu Zeca!
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Visite o SITE e o FACEBOOK da banda.






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