terça-feira, 12 de maio de 2015

Entrevista com Graxa: "Aquele Disco Massa"

Estamos retomando as atividades do Recife Lo-fi e tivemos uma conversa direta e sincera com Graxa, por trás do nome Angelo Souza, participou do terceiro e quarto Recife Lo-fi e falou, entre outras coisas, sobre o novo álbum "Aquele Disco Massa", Jiquiá, política e literatura. Recife Lo-fi está de volta e Graxa também com um novo álbum, se liguem que a coisa é fina! Auuuu!






1 - Tu lembra a primeira vez que tu achou que tocaria ou iria compor alguma coisa nessa área de música?

Então, eu desde de guri criava alguma coisa: fazia mais de livro, inspirado, referência direta, aos super heróis. também fazia quadrinho com boneco palito. Aí teve um tempo que meu pai comprou um gravador de fita e me mandava cantar pra registrar - essas fitas sumiram valendo. tinha de vídeo cassete também. vídeos da minha casa, filmando a família em geral. Aì depois ele comprou pra mim um violão, todo cagado o violão era. aí eu ficava compondo, coisa de guri mesmo. aí, com o passar dos anos, que eu conheci o pessoal, foi que eu me entrosei e tentei/fui compondo pra colocar minhas músicas no repertório das bandas que participei, em tudo. Foi mais um lance de continuidade.

2 - Tu acha que morar no Jiquiá foi decisivo, ou, de certa forma importante, pra tu tá fazendo o som que tu faz hoje?

Sim, totalmente. o meio influi muito. Tanto o meio como questões de características pessoais. Uma coisa complementa a outra. Todo um lance de história pessoal que se desenvolve com o passar dos anos.

3 - Saquei, nessa questão de gravar desde criança, ainda hoje é um hábito?

Sim. Registro total. Depois que eu comprei uma plaquinha de som e um mic, vez ou outra, eu procuro gravar algo, ou até mesmo num celular.

4 - As gravações são "assinadas" como Graxa, daí uma questão: onde começa Graxa e termina Angelo?

Algumas não. Teve o Biu Grease, tem também Graxeboratha, tem o Tsc... São vários trabalhos com nomes diferentes, mas que sou eu que faço - o Graxeboratha junto com Baratha, Phebo, uma vez com Jean e com Dani. Graxa é meu apelido, meu "vulgo". Acho que essa coisa - do término e começo de um e do outro - rola em momento cabuloso. QUando tem lance cabuloso pra resolver, tipo: ir na Compesa ver porque que tão cobrando duas contas no mês, ou ir numa fila de banco e passar praticamente uma tarde lá, essas coisas quem resolve é "Angelo", as coisas mais bacanas, quem agita é Graxa. De certa forma, os dois são a mesma pessoa. é a questão do duplo, do Mr Hyde e tudo o mais, agora, dependendo do momento, o médico é o monstro e vice e versa. Tem uma simbologia que Tarantino usa em Kill Bill com super man que eu gosto muito. O "disfarce" de Kal el é Clark Kent, que é diferente com todos os outros heróis. Ele bem que poderia viver só de cueca vermelha voando por aí, mas por algum motivo, ele tem que ter um emprego naquela jornal lá.



5 - Pode não ser claro, mas no teu som vejo várias nuances políticas como na faixa "Um Bando de Crocodilos", essa questão te incomoda?

Acho que tem mais nuances políticas nesse segundo disco. O primeiro é mais pessoal, no sentido, voltado pra mim. Esse segundo tem mais questões políticas, com o foco - maior - em políticas culturais, consumo musical... então, e isso não me incomoda. Acho importante pensar, como pessoa em geral, sobres os sistemas que cercam a gente.

6 - "Aquele Disco Massa" vem com bons timbres, uma postura diferente, ele te trás alguma maturidade em relação ao "Molho"? Como rolou essa produção?

É. A forma de trabalho foi bem diferente. É uma questão de momento de acontecimento das coisas. O Molho existiu por uma força imensurável que Domingos fez por mim - como eu sempre digo a ele: sou e sempre serei eternamente grato a ele por isso. Foi por ele que eu comecei a pegar noções de gravações e tudo o mais, depois eu que fui atrás de mais informação. No "disco massa" eu quis trabalhar de forma diferente. Acho uma mão na roda essas baterias de programação, mas quem detona e manja total nessa estética sonora é ele - como Matheus Mota também. Eu preferi aproximar o som do "disco massa" o máximo possível de uma reprodução em show, de acordo com a (minha) realidade em geral de quem tem banda por aqui de qual é. Aí pra não ter que tentar correr atrás de todo um set de equipamentos e músicos pra que um show aconteça, dificilmente iria rolar, eu preferi fazer um disco do jeito que está o "disco massa". E outro motivo, mais importante, é a questão de que eu precisava fazer dessa forma. eu queria mesmo gravar o disco como se fosse apresentação ao vivo. Fiz a "mesma ideia" da gravação do molho, sendo que com a pegada orgânica, com a bateria de Marditu fazendo a linha. a gente tocou no engenho do som e depois fez os overs gerais, tanto a gente como os convidados. Leo Vila Nova percebeu evolução como músico e como trabalho. Adriano, que mixou e masterizou o disco me disse que é um disco de guitarra e que, segundo ele, a turma anda "com medo da guitarra". então, são coisas de cada momento e que cada momento desse tem sua importância. O disco massa também celebra o engenho do som, o estúdio onde tudo começou, pra mim, no ruock. E a sonoridade também. Um disco de rock, com riff e fuzz, também tem uns embalos nele. Noise, também, no final. Essas coisas. Mas os outros trabalhos, que não levam a alcunha de Graxa, tem outras estéticas de modelo também. como o Tsc... que é mais experimental. Tem o Biu Grease, que foi feito com instrumentos de samba tocando blues. por aí vai. (Eu quero muito fazer um de música estilo Stevie B, saca? Giogio... Uma parada dançante. discoteca e pá).

<a href="http://graxa.bandcamp.com/album/aquele-disco-massa">Aquele Disco Massa by Graxa</a>


7 - Pra finalizar, bicho, como você tá trabalhando essa questão literária? A gente pode esperar um livro do Graxa (ou Angelo) em breve? Como você vem trabalhando isso?

Então. Vem sendo soltado no site Altnewspaper uns capítulos de um livro que eu tô fazendo de acordo com o passar dos dias, que se chama O mundo é um lugar maravilhoso. Recentemente eu estava conversando com André Arribas que faz um trabalho de lançamento de livros bem interessante, chamado Pé de letra, que ele faz os livros dele com material reciclável e distribui em eventos e em espaços públicos de bicicleta. é uma ideia muito boa que me dá todo o interesse de participar, ainda mais pela forma com que é feita que se aproxima com a ideia de muitos de nós que trabalhamos com música. eu vou falar com ele e organizar tudo pra fazer com que isso aconteça.

P.S. Vou fazer também, ainda esse ano, um selo com lançamentos em fita K7. Em parceria com os músicos, afinal, né: num tenho como investir no trabalho dos outros, mas posso alguma coisa, como essa ideia que eu achei bem legal do disco massa do formato em cassete misturando a funcionalidade em diferentes formatos com o mesmo intuito: consumir música. Já estamos com uma equipe que vamos fazer desde lançamentos em K7, como camisetas com a máquina de serigrafia que eu tenho e tudo o mais - quem sabe até miniaturas de músicos daqui de Pernambuco. se isso rolar, o primeiro vai ser Paulo Diniz.. Como também isso pode se aplicar a literatura. Lançar livros do pessoal.

Quem fez o logo foi Zalma e eu só tô esperando ele voltar de viagem pra que ele me mande esse arquivo.

De Inicio eu vou tentar lançar, junto com Mingus, o Saturno Retrogado, nesse mesmo formato e ideia. Acho muito importante ter um tipo de selo desse aqui na cidade, que no momento, se não me engano, só tem a assustado disco, que trabalha com Vinil. E aí é isso! :)




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