Essa semana entrevistamos o Rumbo Reverso (SP), um dos projetos nacionais mais interessantes e criativos na atualidade - extremamente rico em linguagens e timbres - encabeçado por Cacá Amaral que é antes de tudo um pesquisador/artista sonoro. O Rumbo Reverso vem cavando bastante espaço no underground nacional se apresentando ora como duo, ora como sexteto, quinteto, trio.. Realmente a ideia do projeto é buscar uma liberdade com foco em shows únicos, recheados de momentos de suspensão e improvisos.
Recentemente o Rumbo Reverso lançou seu primeiro disco que saiu em LP e teve uma ótima aceitação para download na Holanda (ultrapassando 5 mil downloads na semana do lançamento) com importantes apresentações ao vivo no SESC Pompeia e com a Banda Sinfônica do Conservatório Municipal de Guarulhos chamando bastante atenção pelo formato e pela estética sonora e experimentos no palco.
Para a coletânea vamos voltar um pouco e apresentar uma música gravada em 2010 quando o projeto estava mais ou menos no início com a ótima faixa "Retículo Endoplasmático Rugoso". Conversamos com Cacá pelo facebook e por e-mail, com vocês Rumbo Reverso!
Recentemente o Rumbo Reverso lançou seu primeiro disco que saiu em LP e teve uma ótima aceitação para download na Holanda (ultrapassando 5 mil downloads na semana do lançamento) com importantes apresentações ao vivo no SESC Pompeia e com a Banda Sinfônica do Conservatório Municipal de Guarulhos chamando bastante atenção pelo formato e pela estética sonora e experimentos no palco.
Para a coletânea vamos voltar um pouco e apresentar uma música gravada em 2010 quando o projeto estava mais ou menos no início com a ótima faixa "Retículo Endoplasmático Rugoso". Conversamos com Cacá pelo facebook e por e-mail, com vocês Rumbo Reverso!
Como foi sua formação musical e as primeiras bandas da qual fez parte?
RR - Comecei a tocar com 13 anos, por influência do meu irmão mais velho, ouvia muito Pink Floyd, Hendrix e todas aquelas bandas clássicas dos anos 70 . Um dia meu irmão trouxe uma bateria para casa e eu passava o dia inteiro tocando escondido enquanto ele saia pra trabalhar. Depois de um tempo, montei minha primeira banda com amigos da rua e do colégio, tocávamos punk tipo Sex Pistols, Ramones e Stooges. Acabei ganhando a bateria do meu irmão.
O Naaxtro tem um papel importante nessa tua trajetória, como surgiram esses projetos?
RR - O Naaxtro foi praticamente a minha escola musical, tínhamos uma banda de rock de músicas com letras, arranjos bem formatados e tudo mais, mas passávamos muito tempo improvisando nos ensaios. A partir de 2009 passamos a nos apresentar em lugares do underground de SP, com Eloy Figueiredo na Guitarra, Leandro Archela nos teclados, Iládio Davanse no baixo e Daniel Gralha no trompete, mais tarde entrou um sax barítono, Cuca Ferreira. Em 2012 após 4 shows na gringa demos uma parada, parecia que não íamos mais retornar, estávamos ensaiando semanalmente, mas somente pra desenvolver o intuitivo e pesquisar timbres já que isso sempre foi um interesse comum de todos da banda. No início de 2014 o Daniel Gralha (trompetista), propôs que retomássemos o trabalho com a mesma formação, exceto o guitarrista Eloy Figueiredo que está no Rio de Janeiro trabalhando num projeto de áudio visual próprio.
Quando e como surgiu a ideia do Rumbo Reverso, as influências desse trabalho específico e o significado do nome?
RR - Me tornei um obsessivo por instrumentos e timbres, e comecei a fazer minhas primeiras experiências com gravação em um banheiro do apartamento onde eu moro. Eu subia no MySpace ou mostrava para um grupo restrito de amigos, foi daí que surgiu o embrião do Rumbo Reverso. É difícil falar em influências porque tenho várias, mas sempre gostei muito de Coltrane, Miles e de toda aquela psicodelia dos anos 60 e 70...
A experiência lo-fi de gravação é bem marcante no início do Rumbo Reverso, você gravava tudo sozinho? Quais os intrumentos que você gostava de experimentar nessas gravações?
RR - A experiência lo-fi me fez descobrir novos timbres e principalmente foi importantíssima para o desenvolvimento do meu trabalho de composição, me fez enxergar a música de forma mais ampla, prestar atenção muito mais no conteúdo musical do que na forma em si, acho que nos anos em que as gravadoras reinavam existiam certos padrões de gravação que hoje já não se sustenta, não vou negar que também adoro equipamentos analógicos e valvulados e que uma boa mesa, compressores e gravadores de fita são demais, mas dentro do universo lo-fi, pode-se encontrar timbres e frequências verdadeiras e orgânicas, inclusive, isso pode vir a ser o fio condutor de um trabalho artístico muito foda. Já ouvi bandas que soaram muito melhor numa produção caseira que num estúdio parrudo, sem falar dos custos artísticos, que permite que a galera que não tem grana possa produzir usando a criatividade. Acho incrível ver a molecada sem grana ir a desmanches de eletrônicos pra retirar componentes das sucatas, tais como microfones condensadores de câmeras antigas pra usar no seu trabalho de gravação. Explorar o som de salas não tratadas, como banheiros e estacionamento de prédios pode gerar um reverb único e ser a tônica de um trabalho artístico, isso sem contar a volta dos gravadores em fita cassete.
O projeto tem alguns vídeo-clipes gravados, como funciona a relação audiovisual na sua atual produção?
RR – Sim, tem alguns vídeos gravados, alguns registros de shows e alguns experimentos meus. Meu amigo Eloy Figueiredo sempre levava os sons ainda no rascunho e montava algo e me presenteava com um vídeo bacana. O último que ele fez foi com a música “o outro” e que pode ser visto no canal do Rumbo Reverso do Youtube e no Vimeo do próprio Eloy. A outra parceira visual foi com a Fernanda Cirelli que fez o video da música “palinkas” com uma equipe de amigos usando um figurino de máscaras em que ela mixa imagens de cinema com imagens próprias dirigidas por ela mesma, em uma citação ao pelo filme Naked Lunch do David Cronenberg e outros Diretores de cinema que influenciam. Vale muito a pena ver o resultado desse trabalho que também está no Youtube do Rumbo Reverso e no Vimeo da Fernanda Cirelli, onde também é possível acompanhar o trabalho dela. O outro cara é o Dimitri Lima que me convidou pra tocar no epicentro cultural nas projeções dele e eu adorei e retribuí convidando ele pra projetar no SESC Pompeia no show do Rumbo. Eu tenho algumas ideias pra projeções no show que eu pretendo fazer pra 2015, vamos ver…
O projeto começou com gravações no banheiro-estúdio que você tem em Guarulhos e agora já vem tocando bastante em lugares com boa estrutura, como você vê essa experiência?
RR – Bom eu tô adorando tocar nesses lugares, quero continuar tocando no SESC , teatros e outros lugares bacanas que oferecem uma infra-instrutura pra músico e público, mas não vou deixar de fazer shows intimistas pra 10 pessoas nas casas de cultura e inferninhos underground espalhados pelo Brasil. Acredito que o trabalho de uma banda hoje é de formiguinha mesmo, tocando, fazendo com que o trabalho chegue ao maior número de pessoas e lugares diferentes e não há outra alternativa a não ser sair tocando por aí, conhecendo essas pessoas e conhecendo esses lugares.
Quais outros projetos/músicos de São Paulo ou nacionais você vem acompanhando?
RR – Acompanho o trabalho de várias pessoas, inclusive, aí de Recife, vou tentar citar alguns... Dmingus, Zeca Viana, Hutmold, Baoba Stereo Clube, Bodes e Elefantes, Hab, Juliana R., Radio Lixo, Inky. Bonifrate, Supercordas, Acapulco Drive-in, Raquel Krugel, Objeto Amarelo, Pássaro Homem, Naaxtro e Firefriend.
O que podemos esperar do futuro do Rumbo Reverso, planos de tocar em outras cidades?
RR - Estou fazendo o segundo disco do Rumbo Reverso, em casa pra tentar gravar no início de 2015. Estou gravando um single com o Firefriend e tocando bastante ao vivo com o Naaxtro...
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