segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Entrevista com Nicole Patrício, idealizadora do projeto ALAMBRADAS (SP)

Bem-vindos, semana passada viajamos na privada gigante que engolia planetas no mito cósmico do Privada Portal (PE) e essa semana (pela primeiríssima vez) apresentaremos um projeto de fora de Pernambuco. Não conhecíamos o som dessa one-girl-band de Guarulhos e logo que colocamos os ouvidos nessas canções nos surpreendemos com a simplicidade das gravações (um teclado CASIO), o belo timbre de voz e a intimidade que elas revelam.

Nicole Patrício tem 22 anos, e como ela mesma diz "o corpo reside em Guarulhos, o coração reside em São Paulo." Realizou ao todo "quatro shows" e mesmo com pouca experiência já vem trilhando um caminho interessante com composições que mostram um rico universo íntimo. A entrevista foi feita da mesma maneira lo-fi (via Facebook). Com vocês o projeto solo Alambradas.



- Conta um pouco como surgiu a ideia do Alambradas?

Nicole Patrício A Alambradas surgiu do seguinte pensamento: "Já que não tem ninguém pra fazer uma banda comigo, vou fazer música sozinha". Comecei a coisa toda por diversão, achava que não era boa o suficiente para lançar um disco e/ou fazer shows, que não iriam entender a verdade dela por tudo estar estereotipado demais. Ainda bem que a resposta foi diferente, pelo menos um pouco, mas foi.


- Quais os principais temas e influências que você aborda nas composições?


Nicole Patrício Minhas músicas têm 2 lados: o ensolarado e o caótico. Em algumas delas, canto sobre meu cotidiano gasturado e minhas trilhares de reflexões sobre a vida por conta disso (ou não). Em outras, canto sobre coisas simples e até bobas que me fazem feliz. Sobre influências, dá pra citar 3 nomes: Fiona Apple, Yuko Ando e Imogen Heap, não nessa ordem. Gosto demais do trabalho delas e costumo dizer que vou ser igual a elas quando eu crescer. . 


- Você já se apresentou ao vivo ou pretende se apresentar com esse projeto? Como você vê essa saída do quarto para o palco?

Nicole Patrício Já me apresentei, sim. Mesmo que eu tenha feito só quatro shows até agora, em cada um deles, fui aprendendo como mostrar a minha postura. Ainda é complicado, principalmente porque o público não bota muita fé na música que você faz se você não tem 4, 5 nego no palco contigo. Falta sensibilidade nas pessoas; isso vai muito além d'um like na sua página no facebook, e a Alambradas já tem bastante, até. Eu sinto falta é do verdadeiro abraço à causa. 




- Como você vê o cenário independente nacional hoje? Artistas que você conhece fora da sua região? 

Nicole Patrício Hoje, tem muito mais gente botando a mão na massa por conta própria, sejam bandas ou projetos solo. Mesmo assim, o tão chamado "cenário independente" é fragmentado. Se você não faz parte da produtora X ou do selo Y, você acaba sendo obrigado a se enfiar em qualquer buraco pra achar seu espaço, e isso é um tanto desestimulante. Daí, suas relações com quem faz parte desse cenário são mais contactuais ("um dia, eu vou precisar de você") do que humanas. De novo: falta sensibilidade nas pessoas. Em todas elas. Ao mesmo tempo em que o público dispõe de um cu doce absurdo pra ver seu show, porque você não tem o estilo ou influência do momento, quem poderia te ajudar a ir mais longe só o faz se você tiver um gancho jornalístico ou coisa parecida. 


- Concordo, principalmente os festivais parecem não estar muito focados em "descobrir" nada e sim no hype dos jornais, veículos de mídia, etc. Você acha que ainda vale o esforço de montar uma banda no Brasil?

Nicole Patrício Tudo depende da intenção que essa banda tem. Aquele negócio de "a gente não esperava essa resposta do público" não cola. No fundo, no fundo, a gente espera, sim. O que diferencia uns dos outros é a "adaptação" das expectativas pro mundo real. Um meio termo. Nem tão realista, nem tão sonhador. Isso é algo que eu mesma tô apanhando pra aprender, aliás, justamente por aquela coisa de público/contatos/mídia/blablabla que eu falei antes. Quem sabe, um dia, a Alambradas consiga se dar bem nessa. Quem sabe...




- A faixa escolhida para a coletânea é "03 de Outubro", fala um pouco sobre a letra e como foi a gravação?

Nicole Patrício A ideia de compor essa música veio a partir do momento em que eu percebi que 2013, pra mim, tava sendo horrível. Num desses dias horríveis, em horário de almoço, sentei numa das poltronas de um shopping onde eu trabalho e escrevi a letra toda, de uma vez só. Já tinha alguns versos em mente, é bem da verdade, mas a coisa toda fluiu d'um jeito tão direto que eu até me surpreendi. Ela fala sobre o quanto eu estava cansada naquele tempo e o quanto eu queria que as coisas da vida fossem melhores do que aquela rotina faculdade-trabalho-casa 5x por semana. Sobre a gravação (não só pra 03/10, mas pra todas músicas até então), ela é fuleira. Gravei tudo em partes, teclado + voz, num microfone xoxolhão de PC. Ele até quebrou há uns meses, inclusive. Acho que isso pode ser um sinal de evolução, daqui pra frente - ou não - hahaha. 


- E o futuro do projeto? Pretende fazer shows em outras cidades (talvez Recife!), o que podemos esperar do Alambradas em 2015?

Nicole Patrício Tô pra gravar um EP novo no começo do mês que vem; dessa vez, com gente ajudando e um quê de mais "encorpado" (yay!). Sobre shows em outras cidades, rola uma baita vontade de fazer, mas inda não dá pra sonhar desse jeito sem recurso$ Enfim, é aquela coisa, um dia a gente chega lá. 





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