"SPLIT Brazil entrevista Rita Braga" por Lauren Aquino.
1 - Como foi o seu primeiro contato com a música
brasileira?
O primeiro mesmo, tenho de recuar até aos 2 ou 3
anos de idade, foi com as novelas dos anos 80 tal como o Roque Santeiro,
Sassaricando... mas há pouco tempo fui redescobrir esses temas e eram mesmo
bons! "Isso Aqui Tá Bom Demais" do Dominguinhos com o Chico Buarque é
bom demais! As letras tinham até muita crítica social, por exemplo o tema da
novela Pedra Sobre Pedra - "vamos pra frente que pra trás não dá
mais...".
2 - Você já fez turnês independentes nos EUA e em
alguns países da Europa, no Brasil vemos uma certa dificuldade na circulação de
artistas independentes, como essa movimentação acontece em Portugal?
É bem difícil também, juntando o facto de Portugal
ser um país muito pequeno e isolado. Da perspectiva de países como a Bélgica,
em poucas horas é possível estar em muitos países diferentes o que transmite
uma noção mais "europeia" mas aqui não é o caso. E eu vou tocando em
Portugal mas sempre gostei de circular, fui criando uma rede internacional
ainda que num circuito bastante underground... mas creio que a circulação de
artistas independentes não é muito fácil em lugar nenhum, não existem
estruturas, nós temos que criá-las através de redes de pessoas que se vão
ajudando.
3 - Quais os novos nomes da música
independente portuguesa que você destacaria?
Vou destacar algumas pessoas próximas pois adoro o
trabalho de todos eles... da área de Lisboa o Presidente Drógado, ele faz
canções bem divertidas, por vezes provocando o público que vai respondendo
(creio que no Brasil iriam gostar dele, ele tem influências do Bezerra da Silva
mas num contexto português!). O Bernardo Devlin tem um novo disco chamado
"Sic Transit" com canções fantásticas e arranjos fora do comum que
recomendo muito. Do Porto destaco os Calhau, os concertos deles juntam vários
midia, fazem também filmes, cenografias para os shows, e conseguem criar
atmosferas bem especiais, e o Ghuna X, geniozinho da música eletrónica
"não quadrada"...
4 - Como Recife surgiu nessa sua trajetória
musical?
Eu fui ao Brasil pela primeira vez em Setembro passado
através de um contacto em São Paulo, o Binho Miranda, que me ajudou a montar
uma tour e me apresentou a alguns músicos. Aí conheci o Mancha e o Diogo
Valentino, e com eles comecei a banda dos Indiozinhos Psicodélicos (ainda se
juntaram o Gustavo Cabelo e o Bernard Simon), e conheci o Zeca Viana que estava
gravando o seu novo disco na Casa do Mancha, um lugar que frequentei muito e
onde a gente ensaiava. Acabei pondo voz e ukulele num dos temas do disco do
Zeca e já nessa altura falámos em Recife.
5 - É sua primeira vez na cidade, quais as
expectativas para o show e em participar do projeto Recife Lo-fi SPLIT?
Tenho boas expectativas para ambos. Tenho ouvido
falar muito de Recife e é aquela cidade onde eu já queria ter ido da última
vez. O Zeca tem ajudado muito, vai até ter sessão de rádio antes do show,
tenho certeza que vai ser divertido. Também vai ser engraçado ir direta do
Inverno para o Verão, e o show vai ser logo no primeiro dia em Recife após uma
longa viagem de Lisboa (chego de véspera), mas eu gosto às vezes dessas
mudanças grandes, tudo pode mudar de um dia para o outro.
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